De Pueblos Indígenas en Brasil
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El trabajo de los lingüistas

Hay un largo camino que debe ser recorrido en la dirección de un conocimiento más amplio de las lenguas indígenas en el Brasil. Son cerca de 150 lenguas distintas, de las cuales muy pocas fueron objeto de estudios amplios y profundos.

  • Sólo 15 lenguas poseen una descripción o documentación satisfactoria (una gramática descriptiva, diccionario, compilaciones de textos);
  • 114 fueron objeto de estudios parciales, de algún tipo de descripción de sus aspectos fonológicos y/o de sintaxis.
  • 35 lenguas, por lo menos, permanecen ampliamente ignoradas.

A continuación, Bruna Franchetto (antropóloga y lingüista del Museu Nacional/UFRJ) escribe sobre el asunto

Introdução

Números e porcentagens podem falar de modo mais contundente mesmo quando se trata de línguas indígenas no Brasil, um país, ainda, multilíngüe.

No contexto sul-americano, o Brasil é o país com a maior diversidade e densidade lingüísticas e, também, com uma das mais baixas concentrações de falantes por língua (200/250 falantes). Como previsível, a maioria dessas línguas está na região amazônica.

Não há coincidência entre número de etnias e número de línguas, já que há vários povos indígenas que já não falam mais as suas línguas nativas, sobretudo se considerarmos aqueles que sofreram o primeiro e mais violento impacto da conquista e da colonização. Este impacto, no que concerne a precária sobrevivência das línguas nativas, ainda está presente e atuante, apesar do crescimento demográfico. Menciona-se com freqüência a existência atual de cerca de 180 línguas, em graus variados de vitalidade ou de enfraquecimento. No levantamento mais recente, realizado por Moore (2008), o cálculo é de 150 línguas, considerando distinções entre línguas versus distinções entre variantes dialetais de uma mesma língua, tarefa difícil, dada a escassez de informações atualizadas e confiáveis. Além disso, o valor atribuído à categoria ‘dialeto’ é geralmente inferior ao valor atribuído a uma ‘língua’. Aqui, projeções políticas e ideológicas interferem de maneira complexa com os critérios usados pelos lingüistas. Falantes de dialetos distintos devem se entender e se comunicar com facilidade, enquanto não há inteligibilidade mútua entre falantes de línguas distintas. Os critérios que demarcam as relações entre dialetos e entre línguas não são sempre fácieis de se averiguar numa aproximação superficial. O número total de línguas, com suas variantes, poderá se alterar com o aumento de descrições de novas línguas ou de línguas ainda parcialmente documentadas.

As línguas indígenas no Brasil se distribuem em 2 troncos (Tupi e Macro-Jê), 4 famílias maiores (Aruak, Karib, Pano e Tukano), 6 famílias de tamanho médio (Arara, Katukina, Makú, Nambikwara, Txapakura e Yanomami), 3 famílas menores (Bora, Guaikuru, Mura) e 7 línguas isoladas (Moore, 2008). Se olharmos os números relativos à população de cada etnia, seguindo a lista que consta do site do ISA, eles não podem ser confundidos com o efetivo número de falantes, que varia de um máximo de 20 mil/10 mil (como é o caso do Guarani, Tikuna, Terena, Macuxi, Kaingang) aos dedos de uma mão, quando não resta um único e último falante. Cerca de 40 línguas, pelo menos, estão, hoje, em iminente perigo de desaparecimento.

O quadro se torna ainda mais complexo e assustador se considerarmos a questão dos chamados ‘grupos isolados’. Nos anos 80, pesquisadores do Museu Goeldi encontraram os dois últimos falantes de Puruborá e redescobriram o Kujubim; em 1987, o Zo'e ingressou na família Tupi-Guarani; em 1995, foi identificado um grupo arredio como sendo falante do até então desconhecido Canoê. Levantamento realizado por Brackelaire e Azanha (1) lista 20 povos isolados confirmados, 28 cuja localização e existência está esperando confirmação, 4 já atendidos pela FUNAI. Suas línguas podem revelar novos agrupamentos genéticos ou novos acréscimos a famílias ou troncos já estabelecidos(2).

As classificações lingüísticas sofrem constantes modificações à medida que cresce o número de descrições; de reexames de descrições ou de dados já disponíveis; do trabalho de comparação, o que permite rever hipóteses sobre a pré-história e a história indígenas. Números e classificações poderão ainda sofrer modificações à medida que se esclareçam diferenças entre dialetos e línguas, tarefa nada simples, como já foi dito, dadas as dificuldades de estabelecer fronteiras claras; nesse campo, entram em jogo, além de nossa ignorância propriamente lingüística, fatores ideológicos e políticos, internos e externos aos povos indígenas.

Michael Krauss lançou uma alerta para o mundo quando afirmou, com base em rigoroso levantamento, que, no século XXI, três mil das seis mil línguas existentes no mundo desaparecerão e 2.400 estarão perto da extinção (3). Apenas 600, ou seja, 10%, se encontram seguras, a salvo; no próximo século, diz Ken Hale, a categoria "língua" incluirá, somente, aquelas faladas por, no mínimo, cem mil pessoas (4). Isso significa que 90% das línguas do planeta está em perigo; pelo menos 20% - ou talvez 50% - das línguas já estão agonizando. Uma língua agonizante ou "em perigo" é, tipicamente, uma língua local, minoritária, e em situação de ruptura geracional, na qual, se os pais ainda falam com seus próprios pais suas línguas maternas, já não o fazem mais com seus próprios filhos, que abandonam definitivamente o uso da língua nativa, destinada ao desaparecimento dentro de um século, a menos que algo aconteça para a sua revitalização. Entre os fatores principais dessa crise está a pressão das línguas nacionais, dominantes, do domínio socioeconômico, da assimilação, através de meios e canais quais a escolarização, a mídia (rádio, televisão etc.), a sedimentação de atitudes valorativas positivas para a língua do colonizador e negativas para a língua dos colonizados. Krauss calcula que 27% das línguas sul-americanas não são mais aprendidas pelas crianças.

Línguas na América do Sul

O pesquisador Willem Adelaar apresentou, em 1991, o seguinte quadro para a América do Sul:

País Número de línguas nativas Número de falantes
Argentina 14-23 169.432 a 190.732
Bolívia 35 2.786.512 a 4.848.607
Brasil 170-180 155.000 a 270.000
Chile 6 220.053 a 420.055
Colômbia 60-78 194.589 a 235.960
Equador 12-23 642.109 a 2.275.552
Guiana Francesa 6 1.650 a 2.600
Guiana 10 17.000 a 27.840
Paraguai 14-19 33.170 a 49.796
Peru 50-84 4.724.307 a 4.831.220
Suriname 5 4.600 - 4.950
Venezuela 38 52.050 a 145.230
Fonte: Adelaar, Willem - “The endangered problem: South America”. In: Endangered Languages (editado por Robert Robons e Eugene Uhlenbeck), New York: St. Marin 's Press, 1991.(5)


Colette Grinevald calcula o número total de línguas na América do Sul em mais de 400, maior do que todo o resto das Américas, com uma surpreendente variedade genética e número de línguas isoladas. A variedade genética sul-americana (118 famílias) é comparável à da Nova Guiné (6).

No Brasil

No que diz respeito às línguas indígenas no Brasil, Aryon Rodrigues, em trabalho já citado, estima que, às vésperas da conquista, eram faladas 1.273 línguas; em 500 anos, uma perda de cerca de 85%. É só contemplar o mapa etno-histórico no qual Curt Nimuendajú, nos anos 40, procurou oferecer um panorama do povoamento do Brasil indígena utilizando somente as fontes documentais históricas disponíveis produzidas pelos colonizadores: um território coberto em toda sua extensão por faixas e pontos coloridos para dar conta dos troncos, famílias, agrupamentos lingüísticos, línguas isoladas, falados por inúmeros povos; vazios brancos indicam áreas, sobretudo ao longo dos baixos cursos dos rios principais, despovoadas já nos primeiros tempos da colonização(7).

Luciana Storto relata a grave e significativa situação do Estado de Rondônia: 65% das línguas estão seriamente em perigo pelo fato de não estarem sendo mais usadas pelas crianças e por ter um pequeno número de falantes; 52% não estão sendo faladas pelas crianças; 35% são momentaneamente seguras(8). Muitos lingüistas dedicados ao estudo dessas línguas são testemunhas de processos de perda, menos ou mais gritantes. No Alto Xingu, por exemplo, um sistema intertribal onde são faladas línguas geneticamente distintas, há línguas ainda plenamente vivas e íntegras e línguas na beira da extinção. Há apenas 50 falantes de Trumai (língua isolada) e o Yawalapiti (aruak) sobrevive em menos de uma dezena de falantes numa aldeia multilíngüe onde dominam o Kuikuro (karib) e o Kamayurá (tupi-guarani)(9). As outras línguas alto-xinguanas, ainda saudáveis, dão, contudo, sinais preocupantes: a escola é considerada o tempo/espaço onde tem que se aprender a língua do branco; os jovens, fascinados com tudo o que provém do mundo das cidades, procuram falar cada vez mais o português e ao mesmo tempo se afastam das tradições orais. É como se a avalanche e a sede de novos conhecimentos aniquilassem tudo aquilo que se torna associado aos velhos, à vida aldeã.

É a grande diversidade que torna a perda irreversível. Para os lingüistas, essa perda significa não conseguir reconstruir a pré-história lingüística e determinar a natureza, o leque e os limites das possibilidades lingüísticas humanas, tanto em termos de estrutura como em termos de comportamento comunicativo ou de expressão e criatividade poética. Mais graves e mais complexas são as conseqüências da perda lingüística para as populações indígenas, minoritárias e sitiadas. Se é complexa a relação entre identidade lingüística e identidade étnica, cultural e política - não sendo elas redutíveis uma à outra, como mostram os povos indígenas do Nordeste -, não há dúvida quanto às consequências da agonia e desaparecimento de uma língua com relação à perda da saúde intelectual do seu povo, das tradições orais, de formas artísticas (poética, cantos, oratória), de conhecimentos, de perspectivas ontológicas e cosmológicas. Certamente, diversidade lingüística e diversidade cultural podem ser equacionadas e, nesse sentido, a perda lingüística é uma catástrofe local e para toda a humanidade.

O que sabemos e como chegamos a saber dessas línguas?

Notas

(1) Brakelaire, Pierre e Azanha, Gilberto. “Últimos pueblos indígenas aislados em América Latina: reto a la supervivencia”. In: Lenguas y tradiciones orales de la Amazonía: Diversidade en peligro?. UNESCO/Casa de las Americas, 2006, p. 315-368.

(2) Grenand, Pierre e Grenand, Françoise. “Amérique Equatoriale: Grande Amazonie”. In: Situation des populations indigènes des forêts denses et humides (editado por Serge Bahuchet), Luxemburg: Office des publications officielles des communautés européennes, 1993.

(3) Krauss, Michael. “The world 's languages in crisis”. In: Language, 68, 1992.

(4) Hale, Ken. “On endangered languages and the importance of linguistic diversity”. In: Endangered Languages - Language loss and community response (editado por Lenore A. Grenoble e J. Whaley Lindsay), Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

(5) Os dados de Adelaar também podem ser conferidos em As línguas amazônicas hoje (organizado por Francisco Queixalós e Odile Renault-Lescure), São Paulo: IRD/ ISA/ MPEG, 2000.

(6) Grinevald, Colette. “Language endangerment in South America: a programmatic approach”. In: Endangered Languages - Language loss and community response (editado por Lenore A. Grenoble e J. Whaley Lindsay), Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

(7) Mapa etno-histórico de Curt Nimuendaju (Rio de Janeiro: IBGE, 1981).

(8) Storto, Luciana. “A Report on language endangerment in Brazil”. In: Papers on Language Endangerment and the Maintenance of Linguistic Diveristy (editado por Jonathan D. Bobaljik, Rob Pensalfini e Luciana Storto), The MIT Working Papers in Linguistics, Vol. 28, 1996.

(9) Franchetto, Bruna. “Línguas e História no Alto Xingu”. In: Os povos do Alto Xingu - História e Cultura (organizado por Bruna Franchetto e Michael Heckenberger), Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2001.

(agosto de 2008)

Los primeros datos

Texto de Bruna Franchetto (antropóloga y lingüista do Museu Nacional/ UFRJ).

El siglo XVI fue testigo de la expansión de Europa más allá de sus fronteras. Las conquistas hicieron que los sabios europeos, encabezados por muchos misioneros y algunos viajeros, se zambulleron en la diversidad. Se ampliaron los horizontes lingüísticos, comenzaron a acumularse los conocimientos registrados en listas de palabras, esbozos gramaticales, escrituras de diálogos y discursos. En los nuevos mundos, se iniciaban las investigaciones que alimentaban teorías y tipologías, inspiradas o en los esquemas evolucionistas vigentes hasta el final del siglo XIX, o en el universalismo gramatical de los filósofos racionalistas que florecieron sobre todo durante el siglo XVII.

Mientras los españoles registraban casi obsesivamente las lenguas encontradas en los territorios que iban conquistando en sus trayectorias de penetración desde el litoral hacia el interior, los portugueses se concentraron en las lenguas de la costa, donde dominaba el tupi-guarani. Los documentos de los primeros tres siglos de la colonización del Brasil que nos llegaron son gramáticas y catecismos de tres lenguas indígenas que desaparecieron durante el mismo período: tupinambá, hariri y manau. El tupi antiguo se disfrazaba en las Lenguas Generales –paulista y amazónica-, de las cuales se conservó una considerable memoria escrita y, también misional.

Las gramáticas jesuíticas tupi son objeto hasta hoy de admiración y rechazo. Por un lado, se admira la claridad y el detalles de las observaciones que nos permiten apreciar, aún hoy, los sistemas y procesos fonológicos y morfosintácticas de los tupinambá y del tupi antiguo. Por el otro, y al mismo tiempo, se critica el esquema expositivo que traduce y clasifica los hechos registrados a través de la tradición gramatical grecolatina. La lengua indígena, de cualquier manera, era consumida y transfigurada, en fin, conquistada por la gesta misional en la escritura, en los catecismos, en los autos y piezas teatrales pedagógicas donde el combate cristiano bilingüe (tupi/portugués) entre el bien y el mal debería alistar indios y blancos, pecadores de las aldeas y de las villas, en la lucha contra el demonio del paganismo y en la elevación hacia el reino divino predicado por los conquistadores. Más tarde, el romanticismo tupi en la construcción de la nacionalidad brasileñas presentó la cara profana de esa tradición misionera, irguiéndose con sus lirismos sobre la muerte, la masacre y el sacrificio de pueblos enteros. Y es una lengua tupi transfigurada (y desfigurada) por la literatura que fue traduciendo hacia el imaginario nacional brasileño un indio genérico que continuó poblando el sentido común, la historia escolar, los films y las novelas.

Los descubrimientos en los nuevos mundos pavimentaron el camino de la lingüística que se presentaría como una ciencia en la segunda mitad del siglo XIX, comparando y clasificando las lenguas conocidas de esas tierras también conocidas, reconstruyendo sus historias. El territorio brasileño se comenzó a poblar, lentamente, por decenas de pueblos y lenguas en los mapas diseñados por los frentes de colonización que penetraban al interior. Al misionero le seguía, o mejor, se le sumaba el viajero estudioso que acompañaba, directa o indirectamente, las nuevas expediciones de la conquista: Koch-Grünberg, Steinen, Capistrano de Abreu, Curt Nimuendajú, para mencionar a los más importantes. La observaciones gramaticales, más o menos sistemáticas, estaban acompañadas o ilustradas por compilaciones de textos, transcripciones alfabéticas de piezas de las tradiciones orales de diversos pueblos indígenas. Se comenzaba a construir un corpus, en su mayoría compuesto de narrativas que serían transfiguradas, nuevamente, para alimentar un folclore nacional con sus personajes emblemáticos, como Macunaíma, el héroe trickster (o malandro) de los pueblos karib del norte amazónico.

Evangelización e investigación

El celo evangelizador ha sido, de cualquier manera, la base de los intereses lingüísticos misioneros; y lo sigue siendo aún hoy para el trabajo lingüístico de muchas misiones de fe encabezadas por la norteamericana Summer Institute of Linguistics, hoy Sociedade Internacional de Lingüística (SIL), como las Novas Tribos o Nuevas Tribus, la MEVA (Missão Evangélica da Amazônia o Misión Evangélica de la Amazonía), la JOCUM (Jovens com Uma Missão o Jóvenes con Una Misión) y la ALEM (Associação Lingüística Evangélica Missionária o Asociación Lingüística Evangélica Misional). Esas misiones y sus lingüistas, portadores de un trágico binomio “aniquilar las culturas, salvar las lenguas”, luego de un demorado trabajo de estudio, vacían las palabras y los enunciados de las lenguas indígenas para volverlos recipientes de otros contenidos, biblias y evangelios, nuevas semánticas para los pueblos subyugados y neutralizados bajo el peso compresor de la conversión civilizadora. El SIL, una suerte de misión militarmente evangelizadora e institución de investigación fue un actor importante en la implementación de la investigación en lingüística “indígena” en el Brasil entre el final de los años 50 y los años 70, así como tuvo, hasta no hace mucho tiempo atrás, la supremacía en la escena de la lingüística internacional (con recursos propios para publicar y publicando en inglés).

La lingüística laica, no obstante, se fue separando, aunque penosamente, del marco misional, intentando documentar lo que resta de esa diversidad, desdoblándose entre el desarrollo de sus modelos descriptivos y explicativos y la aplicación de sus saberes en pro de los proyectos políticos que posibilitasen la digna sobrevida de las lenguas indígenas frente a la fascinación y el poder de la lengua de los blancos en los medios, en los papeles, en las máquinas y en las escuelas.

Un relevamiento realizado por Storto y Moore en 1991 mostraba que de 80 a 100 lenguas habían recibido algún tipo de descripción; casi se encontraba indocumentada, Los autores consideraban que el 10% de las lenguas contaban con una descripción gramatical satisfactoria. Se contaba solamente con doce doctores en el Brasil dedicándose al estudio de esas lenguas, sólo ocho universidades con la presencia de lenguas indígenas en programas de pos graduación. El SIL trabajaba con cuarenta lenguas, sin haber contribuido a la formación de ningún investigados brasileño. Cincuenta y nueve lenguas estaban siendo investigadas por lingüistas no misionales; entre 1985 (1) y 1991, se produjo un aumento del 36%; entre 1987 y 1991, el Programa de Pesquisas Científica das Línguas Indígenas Brasileiras o Programa de Investigaciones Científicas de Lenguas Indígenas Brasileñas (PPCLIB) del Conselho Nacional de Pesquisa o Consejo Nacional de Investigación (CNPq) dio su apoyo con becas, investigaciones de campo y cursos intensivos.

Los resultados del relevamiento realizado por mi en 1995 mostró la existencia de cerca de 120 investigadores (80% activos; un decena de investigadores misioneros con vínculos académicos en instituciones brasileñas). Se observa un aumento en la participación de graduados y pos graduados; las actividades del SIL parecían estar en una meseta. El número de investigadores extranjeros representaba cerca de un 10% de esa total: norteamericanos, franceses, holandeses, alemanes, sin contar los relacionados a las misiones evangélicas, donde los norteamericanos son la mayoría. Entre 1991 y 1995, se produjo un aumento de cerca del 40% en términos del número de lenguas estudiadas. En aquel momento, observaba que poco más de treinta de esas lenguas presentaban una documentación o descripción satisfactorias (algo como una gramática de referencia con textos y, posiblemente, un léxico), 114 poseían algún tipo de descripción acerca de los aspectos de su fonología o sintaxis, las restantes continuaban en el limbo de lo desconocido. En ese cálculo, aproximado y provisorio, se incluían los frutos visibles, o sea, en poder de las instituciones brasileñas o publicados, de la actuación del SIL.

En este sentido, una clasificación tripartita en lenguas sin ninguna documentación, con poca (o alguna documentación) y bien documentadas, es obviamente una simplificación. En los relevamientos de la producción de conocimiento en el área de la denominada “lingüística indígena”, no está en juego, generalmente, la calidad, ni absoluta ni relativa, de los trabajos o de los análisis, sino su mera existencia. La calidad de la documentación o de la descripción lingüística es una cuestión que sólo en forma reciente comenzó a ser discutida con seriedad, inclusive gracias a la acumulación de nuevos conocimientos y de nuevos datos, a una mayor atención a las teorías que se encuentran en la base de los modelos descriptivos, al aumento de las investigaciones relacionadas, a una mayor circulación y divulgación de las investigaciones y al desarrollo de metodologías y tecnologías para el almacenamiento y el procesamiento de los datos.

Agosto de 2008

== La escuela y la preservación lingüística ==

Texto de Bruna Franchetto (antropóloga e lingüista do Museu Nacional/ UFRJ)

Luego de la hegemonía del estructuralismo distribucionista norteamericano importado por el SIL en los años 90, decididamente presenciamos un desarrollo gradual y progresivo del área con una interesante diversificación en las líneas teóricas; conviven (y compiten) diferentes paradigmas en un saludable pluralismos científico; también madura la discusión entre la investigación teórica y la descriptiva cuyo objetivo es el de insertar los datos de las lengas indígenas en los debates y embates de la teoría lingüística actual. Fue retomada la investigación histórica y comparativa.

De esta manera, por ejemplo, comenzaron a ser divulgados los importantes resultados del proyecto “Tupi Comparativo” en progreso en el Museu Goeldi, resultado de los encuentros entre los lingüistas especialistas en lenguas tupi-guarani, de las investigaciones sobre las lenguas de la familia pano (UNICAMP -Universidade Estadual de Campinas- Setor de Lingüística do Museu Nacional/UFRJ-Universidade Federal do Rio de Janeiro), de los estudios de las lenguas arawak, de las lenguas karib meridionales (UNICAMP y Museu Nacional-UFRJ), y del noroeste amazónico (Museu Goeldi, Museu Nacional/UFRJ). El diálogo entre la etnología y la lingüística se está reconstituyendo en base a las modernas hipótesis, teorías y metodologías y a las investigaciones empíricas. Se fortalecen los tradicionales centros de investigación y surgen otros.

Según el reporte de Lucy Seki (1), en 1998 aumentaba a cerca de 80 el número de lenguas de algún tipo de estudio por parte de no misioneros. Se percibía una leve declinación de las actividades del SIL (treinta lenguas en estudio y ocho proyectos considerados terminados).

Es interesante observar el aumento en el número de lenguas ya investigadas por misioneros y retomadas por lingüistas brasileños. Gracias al relevamiento realizado por Seki sobre las disertaciones, tesis, publicaciones e inéditos, podemos evaluar, por lo menos cuantitativamente, el incremento de la producción por parte de investigadores brasileños. Una serie de extensas y cuidadosas gramáticas de referencia llegaron al público, como las gramáticas kamayurá (2) y también las tiriyó, trumai, karo, apurinã, kadiweu, karitiana, wanano y bororo, entre otras. Existen más en prensa.

La situación institucional, infelizmente, no mejoró como se esperaba. Según Seki, hacia el final de los años 90, de los 66 programas de pos graduación en letras y en lingüística, sólo doce desarrollaron investigaciones sobre lenguas indígenas. Sin embargo, sin duda aumentó la presencia de trabajos sobre lenguas indígenas en eventos científicos nacionales e internacionales. Los misioneros/lingüistas no dominaban ya la escena. Se inauguró o creció la participación de los brasileños en los universos electrónicos especializados, como en las listas de discusiones, así como en la etnolinguística. Sumado a esto, y por vez primera, comenzaron a surgir informaciones ricas y razonablemente fidedignas en sitios electrónicos oficiales y no oficiales y en vehículos gubernamentales así como de divulgación científica. La situación hacia el final de esta primera década del siglo XXI muestra un panorama más promisorio, aún más del que se deseaba. En cuanto a los conocimientos producidos sobre la lenguas indígenas, el trabajo de Moore (3) nos permite constatar que:

  • solamente 15 lenguas poseen una descripción o documentación satisfactoria (una gramática descriptiva, diccionario, compilaciones de textos);
  • 35 lenguas, por lo menos, permanecen ampliamente ignoradas;
  • 114 fueron objeto de algún tipo de descripción de aspectos fonológicos y/o de sintaxis.

Se nota un claro desarrollo de grupos de investigación (Museu Goeldi, UNICAMP, Museu Nacional/UFRJ, USP Universidade de Sao Paulo, apenas para nombrar los más organizados y productivos). La novedad digna de remarcar es el desarrollo de proyectos de documentación en los últimos diez años con el apoyo de programas internacionales (DOBES, ELDP, principalmente). Estos proyectos incluyen, hasta el momento, 20 lenguas. Programas de esta naturaleza están ahora en proceso de implementación en el Brasil y con financiamiento brasileño. La moderna documentación intenta lograr no sólo la producción de gramáticas, diccionarios y compilaciones de “textos”, sino incrementar una tarea fundamental: la construcción de acervos digitales, usando métodos y tecnologías de punta que puedan preservar muestras, lo más exhaustivas posibles, de eventos y géneros de habla, artes verbales, conocimientos y tradiciones orales.

En suma, se está haciendo mucho en el Brasil fuera de la campana de los misioneros, en comparación con la penuria de hace veinte años. Hay mucho que aún debe hacerse. Hay un excedente de trabajos descriptivos parciales y una escasez de gramáticas de referencia. En los dominios del género del discurso, del arte verbal. De la recolección de tradiciones orales, de la elaboración de diccionarios, las lagunas son inmensas, como en los estudios sociolingüísticos, estos últimos indispensables cuando se trata de entender las múltiples y complejas situaciones de bilingüismo, multilingüismo y pérdida lingüística.

La escuela y la preservación lingüística

En el campo de las lenguas indígenas, el lingüista es una figura que porta una doble identidad: es un investigados y es un asesor de programas educacionales, fonólogo y hacedor de escrituras de lenguas de tradición oral, profesor y redactor de material didáctico en lengua indígena. Recibe demandas de organizaciones no gubernamentales, del Estado y de los indios. El involucramiento en proyectos de educación (escolar) no significa apenas un ejercicio de aplicación de conocimientos científicos, sino que además debe basarse en la capacidad de realizar una revisión crítica del modelo dominante de la denominada “educación bilingüe”, aún, en muchos casos vinculada, a pesar de sus diversas versiones, a una matriz misional ideológicamente civilizadora e integracionista (nuevamente, el legado del SIL que monopolizó, hasta hace unos 20 años la denominada educación bilingüe en Brasil).

Por otro lado, ya existen grupos indígenas que perciben “el peligro” que corren sus lenguas y, en consecuencia, están interesados en su revitalización; en situaciones de este tipo, son los indios los que buscan interactuar con los lingüistas que puedan dedicarse a documentar su lengua. Frente a esta tarea –documentar una lengua en un proyecto conjunto con los indios y proponer un trabajo de preservación y rescate-, sólo en la actualidad comenzamos a desarrollar y a consolidar instrumentos conceptuales y políticos.

Como asegura Grinevald (4), este lingüista de campo es como la orquesta de un solo hombre: debe dominar todos los campos de la lingüística descriptiva, conocer las teorías principales que pueden guiar sus interpretaciones y explicaciones, saber lo suficiente de una específica lingüística aplicada para encaminar proyectos de alfabetización o de revitalización lingüística sin caer en la trampa de considerar que los problemas se resuelven en la escuela, poder realizar una investigación sobre la lengua con los indios, ser sensible y astuto y saber que hacer lingüística en una aldea no es un paseo de algunas semanas.

Los indios ciertamente agradecerían todos los esfuerzos e iniciativas que facilitasen la aparición de este nuevo investigador; la lingüística “indígena” dejaría en el pasado, definitivamente, el amateurismo y la subalternidad; la sociedad en general aprendería más sobre un asunto que refiere en forma directa a la salvaguarda de una riqueza que está en su seno y que la desconoce o la sepulta en el sentido común de los estereotipos.

Agosto de 2008.